Mas urânio? Sério?
É muito comum portfólios conterem pequenas posições em metais preciosos, como ouro e prata. Sua função costuma ser de proteção pois, principalmente quando se trata de ouro, a cotação tende a se valorizar em momentos de crise.
Outros metais que aparecem com frequência nas carteiras dos investidores são o cobre, o paládio e a platina, principalmente em cestas de ativos, que contêm concentrações variadas deste ou daquele metal.
Nesta semana, vamos falar de um ativo que é um metal pouco comum nas carteiras de investimento mundo afora (que apesar de não ser “precioso”, vale muito): o urânio.
Urânio: somente em mercado de balcão
A maioria dos metais com grande valor comercial pode ser comprada de duas formas básicas: como ativo financeiro ou físico.
Isso quer dizer que, na hora da compra, o investidor pode optar por “comprar” a cotação de um metal, ganhando ou perdendo com sua oscilação. Mas pode, também, adquirir o ativo com possibilidade de entrega física.
Esta última opção raramente é usada pelo investidor pessoa física. Afinal, quem quer ir até o Porto de Santos retirar 5 toneladas de cobre? Resta comprar o ativo financeiro.
Onde, então, posso comprar urânio como ativo financeiro? 🚫 Pois é… não pode.
O metal é tão regulamentado, usado para propósitos restritos e negociado por um número tão limitado de players que sua negociação ocorre somente em mercados de balcão. Ou seja, somente contratos privados com entrega física.
Você deve estar se perguntando: por que então estou lendo esse texto sobre como investir em urânio, se não posso comprar o metal como ativo financeiro nem quero receber barris radioativos em casa? ☢️☢️☢️
É aí que entre uma terceira opção (sim, há outra): o fundo URNM. Este código é do ETF chamado Sprott Uranium Miners, focado na cadeia produtiva do urânio.
🐣 Nasceu assim
O fundo foi criado para tornar o investimento na cadeia do urânio mais acessível e líquido. Fundado em 2019, teve valorização de 267,44% desde então e aproximadamente 40% de alta somente este ano, como você pode observar no gráfico:
Fonte: Yahoo Finance (link: https://finance.yahoo.com/quote/URNM?p=URNM)
No Microscópio 🔬
O URNM tem gestão ativa e, portanto, sua composição varia. Ele foi criado para deter, além de urânio físico, ações de empresas com pelo menos 50% de seus ativos relacionados à indústria deste minério (principalmente exploração, mineração e armazenamento).
Atualmente, o ativo de maior peso do fundo (mais de 16% de sua composição) é a empresa National Atomic Co Kazatomprom, mineradora e processadora sediada no Cazaquistão.
Mais de 13% do fundo está em Physical Uranium Trust Units, ou seja, o metal físico em si.
No Telescópio 🔭
A demanda por urânio está em alta e não deve arrefecer tão cedo. Por quê? Guerra.
Mas não pelo motivo mais aparente, que seria o desenvolvimento de armas, e sim para alimentar as usinas de energia nuclear da Europa.
O conflito na Ucrânia fez com que o país perdesse acesso ao urânio russo e passasse a procurar combustível para seus 15 reatores. Outros países dependentes de gás russo, que estavam avançados em seus programas de desnuclearização, voltaram atrás e estão reativando algumas usinas.
Além disso, nações que têm metas agressivas de carbono zero na geração de energia têm acenado com soluções nucleares em seus programas.
Com a guerra na Ucrânia sem um aparente desfecho e planos de diversos países de gerar energia pelas próximas décadas utilizando reatores nucleares, a demanda por urânio deve seguir forte.
🔴 Aposto que você não sabia 🔴
Acesso a urânio todos os países do mundo têm. Então, por que apenas um punhado desenvolveu armas nucleares?
Para poder ser usado para propósitos militares, o urânio precisa ser enriquecido (processado em supercentrífugas) a concentrações superiores a 90%, o que exige tecnologia muito específica e um imenso dispêndio de energia.
Atualmente, apenas 9 países têm meios suficientes para atingir este patamar. Sorte a nossa!
Ficha Técnica do URNM – Sprott Uranium Miners*
- Preço Unitário: US$ 45,88
- Código de Negociação em Nova York: URNM
- Dividendos: não distribui
- Retorno no Ano: 43,82%
- Ativos Totais: US$ 1,43 bilhões
- Número de Ativos: 36
- Rebalanceamento: a cada 6 meses, em março e setembro
*Valores de abertura do dia 13/11/2023
Como mencionado na introdução, é comum um portfólio contar com uma pequena parcela alocada em metais. Qual porcentagem seria apropriada?
A resposta varia conforme o apetite de risco do investidor e de quais metais estão incluídos na cesta escolhida.
O ouro, por exemplo, tende a ter menos volatilidade, mas menor potencial de valorização, sendo considerado um ativo defensivo.
Metais de menor volume de negociação, como paládio, platina e o próprio urânio, tendem a ter mais oscilação de preços, maior risco e maior potencial de ganhos.
E você, tem alguma parte de sua carteira em metais?
Aviso legal
Aqui é o momento em que temos que avisar que nada neste texto configura sugestão de investimento. Para escolher boas opções para incluir em seu portfólio, estude bastante e conte com seu especialista em investimentos internacionais.
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