,
Você já ouviu falar da Dollar Smile? The Dollar Smile Theory, a teoria do Sorriso do Dólar, foi criada em 2010 pelo economista Stephen Jen e representa o movimento do dólar em relação a economia americana, e consequentemente a mundial.
A moeda americana se fortalece sempre que a economia americana se movimenta, seja para cima ou para baixo. Mas, como isso acontece? É por isso que surge a teoria do Sorriso do Dólar. A moeda de cada país tende a cair quando as perspectivas internas pioram, mas o papel do dólar americano no cenário global o torna único e especial. Ele é o único que sobe mesmo que a economia do seu País não esteja indo bem.
Quando Jen criou a teoria do Dollar Smile, ele desenhou o comportamento do dólar em três cenários. Imagine um sorriso de ponta a ponta: na esquerda o dólar se fortalece com a aversão ao risco, na base a baixa do mercado financeiro americano e na ponta direita o fortalecimento do dólar junto ao crescimento econômico.
1º cenário para o Dollar Smile: aversão ao risco
A ponta do lado esquerdo do sorriso mostra a moeda americana se beneficiando da aversão ao risco. É o cenário onde o dólar continua se fortalecendo frente a um cenário preocupante. Assim, os investidores procuram as moedas mais fortes que funcionam como porto seguro, o caso do dólar americano, quando se veem em frente a um cenário volátil e impossível de prever os comportamentos de outras moedas ou ativos.
Normalmente, nestes momentos, os especialistas enxergam a situação econômica global com uma instabilidade, evitam os ativos de risco e buscam por segurança, colocando o capital em moedas que mantenham o mesmo valor ou possuam tendência de aumento. O movimento é natural, no primeiro sinal de que a economia no mundo pode sofrer grandes oscilações, os investidores buscam investimentos de baixo risco para não perderem capital. Uma das opções, por exemplo, são os Treasuries Americanos (instrumento de dívida soberana emitido pelo governo norte-americano para financiar parte dos seus gastos, assim como os nossos títulos disponíveis no Tesouro Direto), considerados os mais seguros do mundo.
Mesmo que os Estados Unidos não estejam tão bem economicamente, isso acontece em escala global e, para comprar títulos do tesouro americano é preciso ter dólares americanos. O movimento fortalece a moeda, mesmo nos momentos críticos, e o crescimento do dólar se torna uma segurança para o investidor, por ser tratar de um mercado financeiro sólido, com a liquidez que os investidores precisam para ter algum controle em meio a instabilidade.
2º cenário para o Dollar Smile: tropeço da economia americana
O meio do sorriso ou a base na teoria de Jen apresenta a baixa do dólar. Isso é resultado da perda de força na economia dos Estados Unidos, no caso de uma forte recessão. Neste cenário, a moeda americana atinge um valor mínimo com o efeito da retração da economia e pela estagnação de áreas do mercado.
Enquanto o dólar está na base do sorriso, o País segue tentando se reerguer e as autoridades monetárias trabalham para sair da situação. Muitas dessas atitudes refletem direto na moeda, como súbitas quedas na taxa de juros que criam uma aversão dos investidores ao dólar. Eles acabam vendendo o dólar para afastar os investimentos da moeda que está em baixa. Assim, a moeda fica de lado e outras opções mais rentáveis do mercado são escolhidas por estarem valendo mais naquele momento.
LEIA MAIS
- Carteira de renda de R$10 mil por mês
- Por que é preciso diversificar os seus investimentos?
- Aprenda a investir no índice S&P 500
Mesmo que, em um cenário hipotético, a econômica americana esteja em desequilíbrio, mesmo não sendo o pior momento, o simples fato de ter um desempenho inferior a outros países faz com que os investidores de todo o mundo deixem os dólares e migrem para moedas mais atrativas, que estejam em um momento de economia mais consolidada.
3º cenário para o Dollar Smile: crescimento econômico
O lado direito do sorriso é a representação da valorização da moeda americana em vista de uma aceleração econômica do País. Após os dois períodos anteriores – risco eminente e recessão do mercado interno – é o sol voltando a brilhar no horizonte e trazendo uma melhora exponencial. O sorriso toma forma.
O movimento, portanto, faz com que a confiança se espalhe pelos investidores pelo mundo, que ficam otimistas e aumentam a confiança na força do dólar. Isso acontece por conta dos sinais de recuperação e avanços econômicos que os Estados Unidos demonstram. O mercado financeiro sobe novamente junto com o país. Os EUA demonstram um crescimento otimista do PIB e apresentam expectativas satisfatórias para as taxas de vida no futuro.
Em qual ponto do sorriso o dólar está hoje?
Estamos vendo uma escalada significativa nas taxas de juros reais dos títulos americanos (Treasuries). Os de dez anos, por exemplo, chegaram a níveis não vistos desde a crise do Sub Prime em 2008-2009. O dólar (medido pelo índice DXY) também voltou a valores próximos das suas máximas em muitos anos. Estamos ainda transitando no primeiro cenário da Teoria Dollar Smile.
A próxima decisão sobre os juros, do Comitê de Política Monetária Americano, será anunciada no próximo dia 2 de novembro. A chamada regra Quiet period (período de silêncio) dos membros do Comitê, fará com que nos próximos dez dias não tenhamos nenhuma manifestação da autoridade monetária americana. Enquanto isso, o cenário global continua com muitas incertezas (o Reino Unido e a recente troca de primeiro-ministro, a falta de informação econômica sobre a China, o agravamento do conflito na Ucrânia).
Considerando que o cenário americano, com mercado de trabalho ainda forte e inflação pressionada, o mercado acredita que a política monetária será ainda mais restritiva. O receio é que o aperto necessário possa ser maior. Assim, até que a decisão do Fed seja divulgada, os mercados deverão seguir estressados, refletindo na manutenção do dólar alto.
Os especialistas indicam que no cenário local os próximos dias também serão de fortes emoções. A disputa está acirrada com um resultado certamente bastante apertado no segundo turno das eleições presidenciais. É quase consenso que o comportamento dos preços dos ativos brasileiros será diferente em função do resultado da eleição, fazendo com que a cotação do dólar aqui possa ter um descolamento dos preços lá fora.