Recentemente, o Governo Federal brasileiro estreou no mercado de títulos de dívida internacional com parâmetros ESG, os chamados green bonds, ou títulos verdes.
A emissão arrecadou US$ 2 bilhões de investidores institucionais ao redor do mundo e foi considerada um sucesso.
Para entendermos melhor do que se trata este novo investimento, neste texto vamos abordar os títulos sustentáveis emitidos no exterior.
🐣 Nasceu assim
Os primeiros green bonds foram emitidos em 2008 pelo Banco Mundial. Eles têm como objetivo ajudar a financiar empresas e projetos sustentáveis, muitas vezes com benefícios fiscais.
Antes disso, já existiam os climate bonds (títulos de clima), cujos recursos são destinados a atividades de redução de carbono e diminuição dos efeitos das mudanças climáticas.
Outra categoria que já existia são os blue bonds (títulos azuis), que financiam projetos de proteção dos mares e da pesca ao redor do mundo.
Com a categoria green, mais ampla, as outras duas passaram a integrá-la e são pouco usadas hoje em dia.
Em resumo: climate e blue bonds são todos green, mas nem todo green é climate ou blue. Deu para entender?
Green Bonds: No Telescópio 🔭
Os green bonds começaram devagar. Em 2012, levantaram meros US$ 2,6 bilhões dos investidores. Mas logo os valores começaram a escalar.
Em 2016, as emissões destes títulos chegaram perto de US$ 100 bilhões. Em 2020, perto de US$ 270 bilhões.
Analistas avaliam que o total de emissões já supera o US$ 1 trilhão!
O Banco Mundial, além de pioneiro em green bonds, foi um dos seus emissores mais importantes na última década, alocando recursos principalmente para projetos de geração de energia renovável, transporte limpo e agricultura e uso sustentável da terra.
Um dos maiores poluidores do globais, a China figurou em 2022 como a maior fonte de green bonds do mundo, com mais de US$ 85 bilhões.
Os dados são da organização Climate Bonds Initiative, que trabalha para padronizar, desenvolver e fomentar o mercado de títulos verdes. Será que ela está conseguindo? Vamos discutir isso daqui a pouco.
Green Bonds: No Microscópio 🔬
Como é comum em diversos tipos de financiamento de projetos com recursos de terceiros, as garantias para o investidor variam bastante, mas costumam envolver os próprios ativos do projeto financiado.
Um green bond que financia a construção de uma usina, por exemplo, pode ter como garantia a empresa que a constrói, apenas os ativos da usina em si ou as receitas da energia gerada depois que ela for construída.
Estas informações precisam ser analisadas na hora de investir em um título verde e impactam diretamente na sua segurança. Existem diversas categorias de green bonds quando se trata de garantias. Aqui vão algumas das principais:
- Categoria “Use of Proceeds”: em caso de calote no pagamento do bond, o investidor tem acesso aos demais ativos do emissor;
- Categoria “Project Bond”: o investidor tem acesso apenas aos ativos do projeto financiado para garantir seu capital em caso de não pagamento;
- Categoria “Covered Bond”: um “pacote” de projetos recebe os recursos do investidor e, caso um deles dê errado e não possa pagar o investimento, os demais projetos também servem como garantia.
🔴 Aposto que você não sabia 🔴
Sabe quem garante que os recursos dos green bonds serão efetivamente alocados em projetos sustentáveis? Ninguém!
Isso mesmo, não existe um organismo que assegure ao investidor que seu dinheiro está realmente indo para iniciativas verdes.
Como mencionei anteriormente, a Climate Bonds Initiative tenta padronizar e categorizar os títulos verdes emitidos ao redor do mundo. No entanto, a organização não tem capacidade para certificar todos os projetos de todos os emissores do planeta!
No caso dos títulos brasileiros, mencionados no início deste texto, os recursos serão destinados ao Fundo Clima, do Governo Federal.
E quem destina o dinheiro para o projeto final? O Ministério do Meio Ambiente.
Portanto, os critérios para destinação dos recursos arrecadados com os green bonds brasileiros dependem de critérios também políticos. Deixaremos a interpretação deste fato para o leitor…
Como investir em Green Bonds?
No caso dos green bonds brasileiros, somente investidores institucionais tiveram acesso aos ativos. Esta é uma prática bastante comum, uma vez que as emissões costumam demandar barreiras grandes de entrada.
Caso você não tenha acesso a este tipo de ativo em sua conta global, há alternativas bastante acessíveis ao investidor médio.
Estou falando, claro, dos fundos e ETFs verdes que negociam green bonds dentro de seus portfólios.
Hoje, já existem dezenas deles, dos principais emissores do mundo. A seguir, segue uma pequena amostra de alguns dos principais disponíveis no mercado internacional.
Aviso legal
Aqui é o momento em que tenho que avisar que nada neste texto configura sugestão de investimento. Para escolher boas opções para incluir em seu portfólio, estude bastante e conte com seu especialista em investimentos internacionais.
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