O Índice Big Mac foi criado pela revista britânica The Economist em 1986 com o intuito de, entre outras questões, medir o poder do dólar em relação a outras moedas. 🍔
Ele indica a subvalorização ou supervalorização de moedas onde o Big Mac é comercializado, o que inclui mais de 100 países ao redor do mundo. Dessa forma, indica o quão forte uma determinada moeda é frente ao dólar e, consequentemente, se o poder de compra em cada país é alto de acordo com o preço do hambúrguer.
A comparação sempre é analisada a partir da taxa de câmbio e do valor do hambúrguer em relação ao dólar. A porcentagem dessa variação, isto é, o desvio, revelaria, então, a força da moeda de um país em comparação à taxa de câmbio. A série histórica, como resultado, poderia até refletir de uma forma simples a inflação de cada país.
Por que Big Mac?
O dólar é a moeda dominante em transações no mercado internacional, incluindo no comércio de bens, serviços e commodities. Então, a comparação feita pela revista é de certa forma inteligente e importante.
Big Mac é um dos poucos produtos idênticos vendidos em todo o mundo, tornando-o ideal para comparações. Ele inclui ingredientes locais, mas o sanduíche é basicamente o mesmo em qualquer país (você sabe: dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola, picles e pão com gergelim…).
Alguns analistas inclusive o sugerem como um guia turístico, podendo se medir o poder de compra em diferentes países. Na Copa do Mundo do Qatar, ele foi diversas vezes mencionado para se ter uma ideia de como seria os custos de produtos e serviços no país para brasileiros e estrangeiros.
No entanto, é importante notar que, embora o Big Mac seja padronizado, os preços variam entre os países por causa de custos diferentes, como mão de obra, ingredientes, impostos e tarifas de importação.
No Brasil
🇧🇷 Tome o Brasil como exemplo: o preço em dólares do Big Mac no país é de US$ 4,23 (R$ 23,90; de acordo com a cotação da The Economist) – US$ 1,46 a menos do que nos Estados Unidos, onde o hambúrguer custa US$ 5,69. De acordo com o Índice Big Mac, portanto, o real estaria 25,7% desvalorizado em comparação ao dólar.
Vale lembrar que essa variação é sempre comparada à moeda americana. Se o valor em dólares de cada Big Mac no Brasil é superior ao preço de um nos Estados Unidos, então, de uma maneira simplificada, poderia se dizer, o poder de compra do país é forte.
Se, por exemplo, o preço do Big Mac no Brasil fosse, em dólares, igual ao hambúrguer nos Estados Unidos, então a força do real estaria equivalente ao dólar. Contudo, é importante considerar que esse método de análise é apenas especulativo e extremamente informal, embora ele revele razoavelmente a situação econômica de uma nação.
A Suíça possui o Big Mac mais caro do mundo, um reflexo da sua forte economia e moeda. De acordo com análise da The Economist, o franco suíço se mantém supervalorizado consecutivamente desde 2000, quando os registros disponíveis da revista se iniciam.
O Brasil, em contrapartida, além de ter uma subvalorização no mesmo ano, teve, também nas seguintes datas:
- início dos 2000,
- final dos anos 2010,
- início dos anos 2020.
De lá para cá, pode se dizer que houve um equilíbrio entre a valorização e a desvalorização. O real se demonstrou muito forte durante o período da crise de 2008 e após, segundo o índice.
Paridade do Poder de Compra (PPC)
Até mesmo noções básicas de economia podem ser explicadas através da Paridade do Poder de Compra, a metodologia usada para explicar esse princípio – originalmente formulado pelo economista sueco Gustav Cassel.
Na realidade, o PPC permite que qualquer tipo de produto seja analisado, desde que esteja disponível nos países em questão. O iPad Mini já foi usado como outro exemplo, pelo fato da fabricante Apple estar presente em vários países. 🍎
Tradicionalmente, o PPC é analisado a partir de uma cesta de bens e serviços, mas ele nada mais é do que uma comparação do poder de compra de diferentes países. A ideia central é que esses devem ser estritamente os mesmos para que a análise tenha algum valor.
Existe, também, uma ideia de proporção aplicada ao PPC. Quantos Big Macs são possíveis comprar no Brasil com o preço de um nos Estados Unidos ou na Suíça? Isso evidenciaria o poder de compra de cada país de uma forma bem direta.
Um dos aspectos importantes a serem considerados é que o PPC não leva em consideração a taxa de câmbio real, que é ajustada conforme a inflação dos países em discussão.
Limitações do Índice Big Mac: onde ele falha?
Embora o Índice Big Mac seja uma ferramenta criativa e acessível para medir a paridade do poder de compra entre moedas, ele também tem suas limitações. Uma de suas principais críticas é que ele simplifica demais as complexidades econômicas e não consegue captar todos os fatores que influenciam a economia de um país. Além disso:
➡️ O índice não leva em consideração as variações nos custos de vida de cada país. Em lugares onde a mão de obra é mais barata ou os impostos sobre alimentos são mais baixos, o preço do Big Mac pode ser artificialmente reduzido, mesmo que a moeda local não esteja desvalorizada em relação ao dólar.
➡️ Leis trabalhistas e ambientais mais rígidas em alguns países podem elevar o custo de produção e, consequentemente, o preço final do Big Mac. Países com altos impostos sobre produtos alimentícios ou que exigem ingredientes específicos por questões de saúde pública também podem ter preços mais elevados, o que não reflete diretamente a força da moeda.
➡️ O Índice Big Mac depende de um único item – o Big Mac – que, apesar de ser padronizado, não representa uma cesta ampla de bens e serviços que a maioria dos índices econômicos utiliza. Produtos como eletrônicos, imóveis ou serviços médicos, por exemplo, são muito mais relevantes para medir o real poder de compra em diferentes países.
➡️ Outro ponto importante é que o índice só pode ser aplicado em países onde o McDonald’s opera. Isso exclui muitas nações, principalmente em regiões mais pobres ou onde as cadeias de fast-food globais ainda não têm presença significativa. Logo, a análise acaba sendo incompleta para regiões inteiras do mundo.
Apesar dessas limitações, o Índice Big Mac é um bom medidor de poder de compra e uma forma divertida de olhar como o dinheiro pode ser gasto em cada país baseando-se no hambúrguer mais conhecido do mundo. No entanto, ele deve ser visto como um ponto de partida, e não como uma análise definitiva da economia global.