Saber como avaliar investimentos em renda fixa é essencial para garantir que seu patrimônio esteja protegido contra a inflação. Um dos maiores erros dos investidores iniciantes é focar apenas na rentabilidade nominal, sem considerar o impacto da inflação sobre seus ganhos reais.
Desde o início do Plano Real, a inflação medida pelo IPCA acumulou uma alta de mais de 740%. Isso significa que a nossa moeda se desvalorizou aproximadamente 88% desde então, perdendo boa parte do seu valor.
Nos investimentos em renda fixa, é comum prestar atenção apenas à rentabilidade nominal dos seus ativos – a taxa contratada no momento da aplicação. O problema é que isso ignora o impacto do aumento nos preços que corrói o seu poder de compra com o passar dos anos. Por isso, entender como avaliar investimentos em renda fixa é indispensável para tomar boas decisões financeiras.
Vamos entender melhor como funciona.
A Inflação: impactos macro e micro
A inflação é definida como um aumento contínuo e generalizado nos preços de bens e serviços em uma economia. O fenômeno leva à perda do poder de compra das famílias, além de gerar uma série de distorções macroeconômicas. Em cenários de hiperinflação, como o Brasil nas décadas de 1980-90, é comum observar desvalorização cambial, elevações expressivas nas taxas de juros e baixo crescimento econômico.
O ambiente microeconômico também sofre impactos: a inflação alta dificulta a previsão de receitas e custos, desorganiza a produção e reduz a atividade das empresas. Após diversas tentativas de controle de preços, a implementação do Plano Real em 1994 estabilizou o valor da moeda, garantindo maior previsibilidade para a economia brasileira.
Mas o impacto da inflação não fica restrito ao preço dos bens de consumo: seus investimentos também são afetados. E é justamente nesse ponto que saber como avaliar investimentos em renda fixa é extremamente importante.
O Impacto nos Investimentos em Renda Fixa
Investimentos em renda fixa são aplicações financeiras com regras de rendimento definidas, podendo ter taxas prefixadas, pós-fixadas ou híbridas, proporcionando previsibilidade ao investidor. Esses investimentos incluem títulos públicos e privados, como CDBs e LCIs, adequando-se a todos os perfis de investidores e diferentes estratégias.
Assim como em outras classes de ativos, a inflação também exerce um impacto expressivo nos investimentos em renda fixa. Afinal, de nada adianta ter uma rentabilidade de 20% em um ano se os preços dos bens e serviços aumentaram 30% no período. Na prática, neste cenário, o investidor teve uma redução no seu poder de compra, mesmo que tenha obtido uma rentabilidade de dois dígitos em sua carteira.
Por isso, é fundamental compreender todos os aspectos da rentabilidade de um investimento em renda fixa. Esta rentabilidade pode ser observada de duas formas: nominal e real. A diferença entre elas reside justamente no impacto que a inflação exerce sobre a rentabilidade da aplicação.
- Retorno Nominal: refere-se à taxa bruta de rentabilidade do papel. Se, por exemplo, um CDB possui uma taxa prefixada de 15% ao ano, sua rentabilidade nominal é justamente de 15% ao ano.
- Retorno Real: considera a rentabilidade justada pela inflação, ou seja, levando em conta o ganho de poder de compra proporcionado pelo investimento. Para o mesmo CDB com taxa de 15% ao ano, caso a inflação acumulada durante o período de investimento tenha sido de 10%, em um ano a rentabilidade real foi de 4,54%. Ou seja, o ganho de poder de compra no período foi de 4,54%.
Como Avaliar Investimentos Em Renda Fixa
Mas como avaliar investimentos em renda fixa de maneira eficiente? Como regra geral, o mercado utiliza a Fórmula de Fisher, desenvolvida pelo economista Irving Fisher. A fórmula considera o regime de juros compostos, e se dá como segue:
𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑅𝑒𝑎𝑙 = (1+𝑅𝑒𝑛𝑡𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑁𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙) / (1+𝐼𝑛𝑓𝑙𝑎çã𝑜)−1
Fazendo o cálculo do CBD hipotético que usamos acima, com rendimento de 15% ao ano e inflação de 10%:
Retorno Real = (1+0.15) / (1+ 0.10) – 1
RR = 1.15/1.10-1
RR= 0.04545 ou 4,54%
Como diferentes categorias de Renda Fixa são afetadas
Compreendidos os conceitos de rentabilidade nominal e real, é importante entender como cada categoria de investimento em renda fixa se comporta em cenários de inflação elevada. Por meio destes investimentos, se você souber como avaliar investimentos em renda fixa, é possível travar uma proteção direta contra a alta nos preços, garantindo uma rentabilidade acima da inflação.
Títulos Pós-Fixados:
Os ativos mais comuns no universo da renda fixa são os pós-fixados, geralmente indexados ao CDI. Estes títulos estão diretamente relacionados com a taxa básica de juros, a Selic. A Selic é uma das principais ferramentas de política monetária utilizados pelo banco central com o objetivo de manter a inflação sob controle.
Historicamente, o CDI brasileiro roda em um juro real médio de 3%, ou seja, uma taxa acima da inflação de 3% ao ano. Assim, mesmo que em alguns momentos o CDI fique abaixo da inflação, a tendência costuma ser uma taxa real positiva. Isso acontece porque o BC tende a elevar os juros básicos quando a inflação apresenta tendência de alta.
Títulos Pré-Fixados:
Os títulos prefixados são os mais prejudicados em um cenário de inflação elevada. Nesses ativos, o investidor trava uma taxa fixa que não se altera durante o período do investimento, independentemente dos movimentos macroeconômicos. Se o investidor comprar um CDB prefixado com taxa de 10% ao ano, e o IPCA acelerar, atingindo 20% no período, o seu rendimento não superou a alta nos preços. Houve, na prática, uma perda de poder de compra.
Títulos Híbridos:
O “coringa” da renda fixa quando o assunto é inflação são os títulos híbridos, que possuem rentabilidade parte prefixada e parte pós-fixada. A parcela pós-fixada, em geral, é o IPCA, de forma que os títulos entregam uma rentabilidade real. Se um CDB remunera o investidor a IPCA+6% ao ano, não importa qual o nível da inflação acumulada, sua rentabilidade real será sempre de 6% ao ano.
Desta forma, fica claro que saber como avaliar investimentos em renda fixa é essencial para garantir uma rentabilidade positiva e proteção ao seu patrimônio.
Precisamos analisar não apenas a rentabilidade nominal dos ativos, mas sua rentabilidade ajustada pela inflação. É essa taxa que de fato irá aumentar o poder de compra do investidor ao longo do tempo. Na renda fixa, os títulos IPCA+ garantem uma rentabilidade real e podem ser uma excelente escolha para a preservação do poder de compra do investidor no longo prazo.
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