No universo dos investimentos, existem estratégias pouco conhecidas por quem está começando, mas que podem oferecer oportunidades interessantes tanto para investidores conservadores quanto para os mais arrojados. Uma delas é o securities lending, conhecido em português como empréstimo de ativos.
Essa prática permite que ativos como ações e títulos públicos sejam temporariamente cedidos de um investidor para outro, e movimenta bilhões no mercado. A operação envolve duas partes: quem pega emprestado (o tomador) e quem empresta (o doador), e cada um tem um objetivo específico, mas que são complementares.
O tomador pode usar esses ativos em estratégias de venda a descoberto ou proteção de carteira. Já o doador, recebe uma remuneração extra, sem abrir mão da propriedade dos papéis.
Hoje, vamos explicar o que é empréstimo de ativos, como funciona, por que cada parte participa da operação e quais são as vantagens e riscos envolvidos.
O que é empréstimo de ativos?
O empréstimo de ativos, ou securities lending, é uma operação financeira em que um investidor cede temporariamente ativos de sua carteira para outro investidor ou instituição. Essa transação é intermediada por uma corretora ou banco custodiante, seguindo regras definidas pelas entidades reguladoras do mercado.
O investidor que empresta os ativos é chamado de doador. Ele mantém a propriedade dos papéis e continua recebendo os direitos econômicos, como dividendos ou juros sobre capital próprio, por meio de compensações.
Já o investidor que toma os ativos emprestados é o tomador. Ele utiliza esses ativos para diferentes estratégias, como venda a descoberto (short selling), arbitragem entre mercados ou operações de hedge.
Para garantir segurança, o tomador oferece garantias em dinheiro ou outros ativos, que ficam bloqueadas durante toda a operação. Ao final do contrato, os ativos são devolvidos ao doador nas mesmas condições em que foram emprestados.
Como funciona o empréstimo de ativos na prática
O funcionamento do empréstimo de ativos é simples na teoria, mas segue um processo bem estruturado para garantir segurança a todas as partes.
Tudo começa quando o investidor habilita essa função em sua corretora ou banco custodiante. Ao autorizar, ele permite que seus ativos elegíveis fiquem disponíveis para serem emprestados. Quando um tomador demonstra interesse, a corretora intermedeia a operação, definindo o prazo, a taxa de remuneração para o doador e as garantias necessárias.
As garantias, que podem ser dinheiro, títulos públicos ou outros ativos de alta liquidez, são bloqueadas na conta do tomador até a devolução dos papéis. Isso serve como proteção caso o tomador não cumpra o acordo.
Durante o período do empréstimo, o doador continua recebendo compensações equivalentes a dividendos, juros sobre capital próprio ou outros proventos do ativo. Já o tomador utiliza os ativos para suas estratégias, podendo vendê-los no mercado, operá-los em derivativos ou mantê-los como parte de outra transação.
Ao término do contrato – que pode ser de dias, semanas ou meses – o tomador devolve exatamente os mesmos ativos, encerrando a operação e liberando as garantias.
Por que fazer empréstimo de ativos?
Por que alguém iria querer pegar ativos emprestados? E por que alguém iria emprestar seus ativos? Os motivos do tomador e do doador são diferentes, mas complementares.
Para o tomador, a principal motivação é acessar ativos que não possui em carteira para executar estratégias específicas. A mais comum é a venda a descoberto, na qual ele vende o ativo esperando recomprá-lo mais barato no futuro, lucrando com a queda do preço.
Além disso, o tomador pode usar os ativos emprestados para arbitragem. Essa estratégia consiste em aproveitar diferenças de preço de um mesmo ativo ou de ativos correlacionados em mercados distintos. O investidor compra onde está mais barato, e vende onde está mais caro. Outra possibilidade é o uso como hedge, ou seja, uma proteção para reduzir o risco de perdas em uma posição já existente.
Para o doador, a vantagem está em rentabilizar ativos que já possui e que, muitas vezes, estão parados na carteira. Emprestando, ele recebe a remuneração combinada, sem abrir mão da propriedade dos papéis e continuando a receber os proventos, repassados pelo tomador. Assim, o doador obtém uma renda extra sem alterar a composição de sua carteira no longo prazo.
Essa complementaridade é o que sustenta o mercado de securities lending, criando um fluxo constante entre quem busca estratégias ativas e quem deseja monetizar sua posição.
Vantagens e riscos do empréstimo de ativos
O empréstimo de ativos pode ser vantajoso tanto para o doador quanto para o tomador, mas cada lado também assume riscos específicos.
Para o doador:
Vantagens
- Recebe uma remuneração adicional sobre ativos que já possui, sem precisar vendê-los.
- Mantém os direitos econômicos, como dividendos e juros sobre capital próprio (repassados pelo tomador).
Riscos
- Liquidez temporariamente restrita: não poderá negociar os ativos emprestados durante o contrato.
- Risco de contraparte, ainda que mitigado pelas garantias exigidas na operação.
Para o tomador:
Vantagens
- Acesso a ativos que não possui, permitindo estratégias como short selling, arbitragem e hedge.
- Possibilidade de ganhos mesmo em cenários de queda no mercado.
Riscos
- Prejuízo potencial caso o ativo suba de preço após a venda a descoberto.
- Custos adicionais, como taxas de empréstimo e necessidade de manter garantias bloqueadas.
Quem pode participar e como fazer empréstimo de ativos
No Brasil, praticamente qualquer investidor que possua ativos elegíveis em carteira pode participar do empréstimo de ativos. Não há exigência de ser investidor qualificado para atuar como doador. O requisito principal é possuir ativos disponíveis para emprestar e ter uma conta em uma corretora ou banco que ofereça o serviço.
O processo começa com a habilitação da função na corretora. Isso normalmente é feito pelo home broker ou aplicativo, autorizando a instituição a disponibilizar seus ativos para empréstimo sempre que houver demanda. A partir daí, a corretora intermedia todas as etapas: encontra o tomador, define taxa, prazo e garante que as garantias sejam depositadas.
Como tomador, o investidor precisa cumprir requisitos adicionais, como oferecer garantias equivalentes ou superiores ao valor de mercado do ativo emprestado. Esse papel costuma ser exercido por investidores institucionais, fundos de investimento ou traders que atuam em estratégias específicas, como venda a descoberto.
Todas as condições — taxa de remuneração, prazo e garantias — são acordadas no momento da operação e registradas na câmara de liquidação responsável, garantindo transparência e segurança.
O empréstimo de ativos é uma operação que beneficia tanto quem busca novas estratégias de investimento quanto quem deseja gerar renda extra com a própria carteira.
Apesar das vantagens, é fundamental entender os riscos e as condições envolvidas, especialmente em relação à liquidez e à volatilidade dos ativos emprestados. Com uma corretora confiável, e compreendendo bem o funcionamento da operação, o investidor pode transformar o securities lending em uma ferramenta estratégica para otimizar resultados.
E você também pode aproveitar essa estratégia. Seja como doador ou tomador, você pode aproveitar para diversificar, proteger ou rentabilizar ainda mais sua carteira.
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