Antes de contar a história da ExxonMobil é preciso falar de John Davison Rockefeller, o primeiro bilionário da história. Em 1870, aos 31 anos, Rockefeller fundou a Standard Oil Company nos Estados Unidos, que se tornaria uma megaempresa de produção, transporte e refino de petróleo. No pico de produção, a empresa chegou a controlar 90% do mercado.
Quem foi John Davison Rockefeller?
Em 1882, Rockefeller fundou uma das primeiras empresas de truste do mundo. A Standard Oil Trust formava um monopólio sobre o ramo, controlando preços e impedindo o desenvolvimento de qualquer tipo de concorrência.
Algo que se tornou tão poderoso que alguns estados adotaram a lei antitruste. Para fugir da Justiça, Rockefeller dissolveu as empresas e transferiu as propriedades para outros estados, com diretorias interligadas, tudo sob sua presidência.
O início do império
Anos depois, ele as reuniu em uma holding, que existiu até 1911, quando a Suprema Corte declarou que ela violava a lei Antitrust Sherman, lei que regulava a competição entre empresas e diversas atividades comerciais.
A empresa foi dividida em 34 outras companhias e se expandiu pelo mundo, com nomes que deram origem à Exxon, à ConocoPhillips e à Chevron. As ações triplicaram nos primeiros anos e Rockefeller se tornou o primeiro bilionário da história em 1917, com uma fortuna de quase US$ 1,5 bilhão, que valia 2% da economia americana à época.
Quando surge a ExxonMobil?
ExxonMobil Corporation é uma multinacional de petróleo e gás dos Estados Unidos, formada em 1999, numa fusão da Exxon com a Mobil, duas empresas que resultaram da divisão da Standard Oil Company em 1911. A ExxonMobil tem sede em Isving, Condado de Dalas, no Texas e opera também sob as marcas Exxon, Mobil e Esso, marca que ficou conhecida no Brasil.
Operacionalmente, a companhia tem três segmentos: a divisão Upstream, que opera exploração, extração e expedição de petróleo; a divisão Downstream, que opera marketing, refino e varejo; e a parte de química, que produz uma série de petroquímicos.
Mundialmente, a Exxon Mobil ocupa o 15º lugar no ranking do seu mercado e a primeira colocação no território norte-americano. Portanto, com o faturamento de 2021, a empresa ocupou o sexto lugar na 68ª edição do ranking das 500 maiores empresas dos EUA, desenvolvido pela Revista Fortune. Segundo os números do mesmo ano, a empresa tem cerca de 64 mil colaboradores em todo o mundo.
ExxonMobil: a primeira companhia de óleo e gás do Brasil
A ExxonMobil chegou ao Brasil em 17 de janeiro de 1912 e tem o pioneirismo como marca no país. Quando chegou ao território brasileiro, a companhia era a Standard Oil Company of Brazil. Por aqui, por exemplo, ela foi a primeira companhia de óleo e gás, além de ser a pioneira na distribuição de gasolina e querosene em tambores e latas, instalação de bombas de rua e no abastecimento de aeronaves comerciais brasileiras.
Atualmente, a empresa tem 2 mil funcionários no Brasil distribuídos nas áreas de Químicos, em São Paulo; Exploração e Produção, no Rio de Janeiro; e em um Centro Global de Negócios, em Curitiba. No segmento de Exploração e Produção, a companhia tem participação em 28 blocos em alto-mar, sendo 17 como operadora. A ExxonMobil é também operadora de 60% da área útil, que representa aproximadamente 10 mil quilômetros quadrados de áreas brasileiras. Nos últimos anos, a companhia investiu US$ 4 bilhões na aquisição destes ativos de primeira linha.
A marca Esso e a força no Brasil
Já tem alguns anos que a ExxonMobil não atua mais em postos de gasolina no Brasil. No entanto, quando atuava, era conhecida pela marca Esso. A marca nada mais é do que a pronúncia da sigla “SO” de Standard Oil Company. A bandeira ficou consolidada na memória do público junto com o mascote, que era um tigre, e o Repórter Esso.
O boletim de rádio nasceu no Brasil em 1941. Era a época da Segunda Guerra Mundial e a propagação do chamado american way of life, ou estilo de vida americano. O programa era mais um produto revolucionário da Standard Oil Company e era transmitido em 15 nações por 60 emissoras. O conteúdo era supervisionado pela agência de publicidade McCann-Erickson e produzido pela agência internacional de notícias United Press Associations (UPA).
No projeto original, o Repórter Esso trazia notícias da guerra, em horários fixos ao longo do dia e também em edições extraordinárias, quando necessário. Com cinco minutos de duração e normas rígidas de conteúdo, com notícias curtas e diretas, praticava o contrário do que vigorava na época em jornais falados. Foi sobretudo o formato do Esso que trouxe inovação para o radiojornalismo.
A testemunha ocular da história
Muitas vozes ficaram conhecidas por conta do programa, mas a primeira foi Heron Domingues, que esteve à frente de 1944 a 1962. O Repórter Esso caiu no gosto dos brasileiros, com o slogan “O primeiro a dar as últimas”. A população brasileira só acreditou no fim da Segunda Guerra Mundial quando o locutor repetiu empolgado: “Terminou a guerra! Terminou a guerra!”.
Outras chamadas ficaram famosas. É o caso do início “O Seu Repórter Esso” ou ainda “A testemunha ocular da história”. Dez anos depois do rádio, o programa foi para a televisão e ficou no ar até os anos 1970. Tal ação fortaleceu ainda mais a marca Esso. A última transmissão no rádio aconteceu no dia 31 de dezembro de 1968, na locução emocionada de Roberto Figueiredo.
Onde estão os postos Esso?
Em 2011, todos os postos com a bandeira Esso foram fechados no Brasil. Isso aconteceu após a fusão da multinacional anglo-holandesa Shell e a Cosan, que detinha os direitos e administrava a marca após ter comprado da ExxonMobil. A partir disso, a Raízen, que controlava a rede de negócios, fechou alguns postos e trocou a marca de outros pela bandeira da Shell.
O objetivo do acordo era dobrar a produção dos 2,4 bilhões de litros de álcool produzidos a cada 12 meses para 5 bilhões em cinco anos. A Petrobras e o grupo Ultra chegaram a manifestar publicamente que estavam na disputa pelos ativos da Esso no Brasil, mas acabaram não fechando negócio. À época da negociação, a marca Esso ainda estava em cerca de 1,7 mil postos pelo Brasil e todos tiveram três anos para se adaptarem. A troca custou, segundo notícias, R$ 130 milhões à Raízen.
Investindo na ExxonMobil: vale a pena?
O investimento em petróleo é uma parcela de muitas carteiras de investimento não só no Brasil, mas no mundo todo. É talvez a commodity mais presente no dia a dia da população, seja em combustíveis, plásticos ou asfalto. Além da tese de disseminação da importância e uso do petróleo, a commodity é um bom hedge contra períodos de inflação, exposição a economias aquecidas e crises repentinas. Nestes cenários, empresas de setores cíclicos como o petrolífero tendem a ganhar força, acompanhando a normalização da demanda global por serviços, transporte e produção.
No Brasil, entretanto, o investimento top of mind para o setor é a estatal Petrobras. A estrutura da companhia, com gestão de custos, preços praticados e monopólio, em condições normais de mercado, dão a ela um status de uma das melhores empresas para se investir. O problema é que isso raramente acontece: por ter sua base acionária majoritariamente nas mãos do governo, há muita interferência para o lado social. Isso porque governos desenvolvimentistas utilizam a companhia para investimentos em áreas não rentáveis e tendem a não respeitar a política de preços. Isso afeta direta e fortemente a geração de caixa da empresa, ou seja, seu lucro.
Alternativas de investimento
Nos últimos meses, vimos uma corrida de investidores para alternativas de investimento à estatal, a fim de se manter na mesma tese. As chamadas Junior Oils, em Prio e 3R, foram bastante visadas, com suas operações focadas em aquisição e desenvolvimento de campos maduros que já não são interessantes à Petrobras.
Porém, uma boa saída está em olhar para fora. Alheio aos riscos brasileiros, o investimento em petrolíferas estrangeiras torna-se uma alternativa viável para aqueles interessados na exposição ao setor, que só no S&P 500 tem um valor de mercado de US$ 1 trilhão.
Com um valor de mercado de mais de seis vezes o da Petrobras (US$ 460 bilhões vs R$ 360 bilhões da Petro), esta é a maior petrolífera dos Estados Unidos, que é um país altamente conhecido pela produção, demanda e consumo da commodity.
Resultados da companhia
Os últimos resultados divulgados pela companhia tiveram sólidos lucros, com anúncios de dividendos na casa dos 15 bilhões de dólares. A empresa é uma grande pagadora de dividendos, principalmente em momentos de alta do ciclo do petróleo. Além disso, há alguns anos já foi discutida uma fusão da ExxonMobil com a Chevron, segunda maior petrolífera americana. Seria uma estratégia para concorrer com a gigante Saudi Aramco. Portanto, na tese de investimento, além do valor que a companhia traz, resiliência e dividendos, há, ainda, possibilidades de expansão via fusões.
O acesso às petrolíferas globais é possível através dos BDRs (Brazilian Depositary Receipts). Esse tipo de ativo é um valor mobiliário emitido no Brasil que representa outro valor mobiliário emitido por companhias abertas com sede no exterior. Os certificados refletem a variação de preço das ações estrangeiras somados à variação do Real no período.