Furacão Katrina

Furacão Katrina x Rio Grande do Sul: semelhanças e lições

O furacão Katrina acarretou no desastre natural mais caro da história dos Estados Unidos, com danos calculados em mais de US$ 190 bilhões (cerca de R$ 977 bilhões), em valores revisados em 2024 pelo governo americano.

A grande questão é que as consequências da tragédia que afeta o Rio Grande do Sul (RS) desde o final de abril de 2024 já podem ser consideradas mais devastadoras do que as do furacão Katrina.

Após as semanas de pesadelo para todos os gaúchos, ficam lições, alertas, e fortes dúvidas sobre a reconstrução do estado. 

Relembrando o furacão Katrina

O Katrina foi uma tempestade tropical que atingiu a categoria 3 na escala Saffir-Simpson em terra firme, e a categoria 5 – a mais alta nesta escala – sobre o oceano Atlântico. Os ventos alcançaram mais de 280 km/h, e causaram grandes prejuízos no litoral sul dos Estados Unidos.

🍃 Após se formar sobre o oceano, a sudeste das Bahamas, em 23 de agosto de 2005, o furacão Katrina ganhou força no Golfo do México, transformando-se em categoria 5.

🍃 Na manhã de 29 de agosto, alcançou os estados de Louisiana, Mississippi e Alabama.

Segundo um relatório da US News & World Report, uma companhia de mídia americana que publica notícias, conselhos ao consumidor, classificações e análises, esse foi o terceiro furacão mais mortal e um dos mais avassaladores da história dos Estados Unidos, e destruiu a região metropolitana de Nova Orleans (Louisiana), que foi a cidade mais atingida.

O presidente da época, George Bush, foi duramente criticado pelo fracasso na resposta demorada ao Katrina; o impacto no mercado financeiro também foi visível, com as atividades de extração de petróleo e gás natural prejudicadas, já que grande parte do petróleo americano é extraído do Golfo do México.

Por que comparar o desastre do Rio Grande do Sul com as consequências do furacão Katrina?

As enchentes que vêm assolando o estado do Rio Grande do Sul desde o final de abril de 2024 têm sido comparadas com o furacão Katrina, que atingiu principalmente a cidade de Nova Orleans (Louisiana), nos Estados Unidos, em agosto de 2005.

Naquela ocasião, há 19 anos, o avanço da água, devido aos fortes ventos do Katrina, deixou 400 mil pessoas desabrigadas e obrigouo as regiões afetadas a se reerguer do zero. Segundo o balanço da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, divulgado em 15 de maio de 2024, já são mais de 614 mil desabrigados.

A área alagada pelas chuvas também é maior no sul do Brasil. A extensão total de vias alagadas em Nova Orleans foi de 2,4 mil quilômetros, enquanto que no Rio Grande do Sul já se contabiliza um total de 3,8 mil quilômetros de alagamento.

Sobre o números de mortes, o Katrina deixou mais de 1.800 mortos, enquanto no RS, até o momento, são mais de 150 vítimas, com possibilidade desses números crescerem nas próximas semanas, e a medida que a água comece a baixar.

  Katrina – Nova Orleans (2005) Rio Grande do Sul (2024)
Pessoas desabrigadas 400 mil 614 mil
Área alagada 2,4 mil quilômetros 3,8 mil quilômetros
Número de mortes 1.800 150

O sistema de diques

Em Nova Orleans, o sistema de diques que retinha as águas dos Lagos Pontchartrain e Borgne foi completamente destruído pelas chuvas, deixando parte da cidade submersa.

Os diques basicamente são elevações de terra, que servem como “muros” para impedir que a água dos rios entre na cidade.

Em Porto Alegre, capital do RS, essas elevações inclusive ficam em algumas das principais estradas da cidade: a BR-290 (Freeway) e as avenidas Castelo Branco e Edvaldo Pereira Paiva.

Os diques, no entanto, não são barreiras livres de problemas, como mostrou Canoas, cidade da região metropolitana de Porto Alegre, que ficou mais de 50% submersa. A água passou pela altura desses “muros” de terra e destruiu diversos bairros. Contudo, a água não conseguiu voltar para o curso normal, por conta da barreira, o que manteve essas áreas inundadas.

A grande questão a ser debatida a partir de agora, é se vale seguir com essa medida estrutural, sabendo que um dia ele pode ser superado e causar um dano ainda pior.

Além dos “muros” de terra, existe o muro de concreto. No Centro Histórico de Porto Alegre, foi erguido entre 1971 e 1974 o Muro da Mauá, com três metros de altura e três metros de profundidade, para impedir que a água do Lago Guaíba (também chamado de “Rio Guaíba” pelos moradores do local) invadisse a cidade. No entanto, o muro também foi superado pela água.

A semelhança é assustadora

O cenário de destruição que o furacão Katrina deixou em Nova Orleans infelizmente é muito parecido com o que vimos no Rio Grande do Sul. Casas pegando fogo, pessoas nos telhados gritando por ajuda, água cobrindo bairros inteiros e um cenário praticamente de guerra.

Na região metropolitana de Nova Orleans, pelo menos 100 mil pessoas não atenderam a ordem para sair antes do furacão. E a água subiu rapidamente, não dando chance de uma evacuação em massa.

O furacão Katrina passou longe de Nova Orleans, mas provocou chuvas, ventos e outras condições que causaram inundações. Durante a inundação do Katrina, a burocracia atrasou em quatro dias a aprovação da ajuda militar; os alimentos demoraram a chegar aos bairros atingidos.

O que fez a diferença não apenas em Nova Orleans, mas também no RS, foi uma forte rede de solidariedade, com os voluntários na linha de frente de resgates e doações.

Os números do Rio Grande do Sul

A quantidade de pessoas afetadas pelas chuvas no estado gaúcho – mais de 2 milhões – é maior do que a quantidade daquelas afetadas pelo furacão Katrina.

Mais de uma dezena de municípios gaúchos praticamente não existem mais. Não se sabe ao certo quantas pessoas – ou cidades inteiras – precisarão ser realocadas.

Os números de Porto Alegre, por si só, são alarmantes.

  • Até a semana do dia 13 de maio, dados mostram que 30% da capital foi atingida diretamente pela enchente.
  • Foram impactados, diretamente, 45.970 CNPJs das zonas norte, sul e centro da cidade. Os números representam 17% das empresas de Porto Alegre e 35% da força de trabalho da cidade – cerca de 310 mil trabalhadores formais.
  • O segmento de serviço foi o mais afetado, com mais de 29 mil estabelecimentos.
  • As estimativas apontam que as perdas nas atividades econômicas, nos últimos 10 dias, passam dos R$ 500 milhões.

As lições sobre a reconstrução de Nova Orleans

Após a passagem do furacão Katrina, foi necessário um investimento de 125 milhões de dólares e 10 anos para as regiões se reerguer. Ainda assim, quem conhecia a região anteriormente, fala que a cidade nunca mais foi a mesma.

Até agora, o governo do Rio Grande do Sul estimou um valor de 50 bilhões de reais para a reconstrução das cidades atingidas.

Segundo dados de um censo americano de 2020, 15 anos após o furacão a população de Nova Orleans era 20% menor que a de 2005, com cerca de 100 mil habitantes que foram embora por não ter mais onde morar.

Ainda assim, Nova Orleans traz lições de reconstrução para o RS.

👉🏼 A cidade investiu em um novo sistema de prevenção de enchentes: desde 2006, foram investidos mais de US$ 14 bilhões, entre doações e dinheiro público, no sistema de proteção contra furacões e inundações.

👉🏼 Os diques, agora, dão a volta completa na cidade e, em alguns trechos de Nova Orleans, o muro ficou quase 5 metros mais alto. Toda a estrutura foi reforçada.

👉🏼 Em 2021, os diques passaram no teste durante a passagem do furacão Ida, de categoria quatro, em uma escala que vai até cinco. O furacão Katrina, como comentamos, variou entre cinco e três.

👉🏼 Além disso, a nova rede de bombeamento de água, que tinha falhado em 2005, agora funcionou.

Para entendermos os próximos passos para a reconstrução do Rio Grande do Sul, a Faz Capital conversou com o Vice-prefeito de Porto Alegre, Ricardo Gomes. Assista aqui para se aprofundar no assunto.

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