Dois amigos e colegas de doutorado, Larry Page e Sergey Brin, estudantes da Universidade de Stanford, fundaram o Google em 1998. O gigante buscador nasceu de um modo despretensioso como um projeto de pesquisa. Rapidamente ganhou espaços e tornou-se uma das ferramentas mais importantes do mundo. Ao lado de Apple, Microsoft, Amazon, figura como uma empresa influente no mercado de tecnologia mundial.
Lawrence Edward Page é americano de Michigan, onde os pais eram professores de informática na universidade. Ele se formou engenheiro em 1995 e entrou para o programa de doutorado, onde conheceu Sergey, que já era estudante e recebeu a missão de apresentar o espaço ao novato. Os dois se tornaram bons amigos.
Page foi o primeiro CEO do Google Inc. até 2001, quando virou presidente de produtos. Em 2011 ele retornou ao cargo, cinco anos depois comandou a Alphabet e em 2019, junto com Brin, foi fazer parte do conselho de administração.
Sergey Brin nasceu na Rússia e se formou cientista da computação, traçando um caminho até virar um dos empresários mais bem-sucedidos do mundo. Ele foi para a América em 79, com 6 anos, sempre com grande habilidade no campo das ciências exatas.
Como surge a ideia de criar o Google?
O motor de busca que hoje é algo tão comum e faz parte do dia a dia da maioria da população (e responde tantas e tantas perguntas) nasceu no alojamento da Universidade de Stanford, exatamente no quarto de Page, em 1995. Os amigos curiosos (e nerds) se interessaram em desenvolver um mecanismo de procura para tornar as informações mais acessíveis.
Larry e Sergey escreveram o trabalho The anatomy of a large-scale hypertextual web search engine (A anatomia de um mecanismo de pesquisa da Web hipertextual em grande escala), que era um artigo sobre um buscador. O trabalho ainda é um dos mais importantes da área até os dias de hoje. E o desejo daqueles dois jovens era o que hoje é de tão fácil acesso: ordenar a imensa quantidade de informação disponível na internet de modo que facilite a vida do usuário. O Google cumpriu sua missão desde a criação: organizar e deixar informações acessíveis mundialmente.
Nasce a Google Inc.
A ideia era ótima, mas o projeto precisava de dinheiro para ser levado em frente. Então, os jovens Larry e Sergey foram em busca de financiamentos externos para que o buscador saísse do papel. Em meados de 1998, captaram US$ 1 milhão em empréstimos de familiares e amigos. A Google Inc. nasce em 4 de setembro daquele ano. No início o site ficava abrigado nos servidores da Universidade de Stanford e tinha como endereço google.stanford.edu.
Por que Google?
Não, ele não se chamou Google desde o início. Primeiro foi Backrub, mas logo mudou e evoluiu para Google. Mas, o que é isso?
Um gugol. É um número 1 seguido por 100 zeros ou 10 elevado a 100. O gugol é tão grande que supera a quantidade de átomos que existem no universo (estima-se que seriam 10 elevado a 80). Em 1937, o matemático americano Edward Kasner disse que “para a maioria das pessoas, o número é tão grande que é infinito, tão grande que não se pode nomeá-lo ou falar dele. Portanto, falarei dele. Direi a vocês exatamente o que ele é”.
Foi Kasner quem criou o termo gugol, que serviu de inspiração para o Google. Já que o termo organizava um número tão grande, o buscador iria organizar uma vasta quantidade de informações para o mundo todo. A grafia teria sido apenas resultado de um simples erro na hora do registro, que aconteceu um ano antes de a empresa começar oficialmente as atividades, em 15 de setembro de 1997.
Além do buscador
As pesquisas são o carro-chefe do Google e pelo que ele é sempre referência, mas hoje a marca oferece mais de 50 tipos de produtos. O portfólio tem o sistema operacional Android, os aplicativos Maps, Waze e Fotos, o serviço de armazenamento em nuvem Google One, as lojas de apps, música e filmes Google Play.
O Gmail surgiu de forma beta em 2004 e três anos depois foi liberado para todos os usuários, com uma conta de e-mail gratuita. Em 2008 o Google adquiriu o YouTube, o site mais popular de vídeos carregados por usuários.
Com a preocupação de facilitar a comunicação, surgiu o Google Tradutor e, em 2008, o navegador Google Chrome, que em 2020 se tornou líder frente a Internet Explorer e Mozilla Firefox. Mais recentemente a empresa vem apostando também em hardware, com a linha de smartphones Pixel, os assistentes domésticos da linha Google Home, o tablet Pixel Slate, o laptop Pixelbook e o roteador Google Wifi.
Depois do dormitório, a garagem de uma amiga
Se a ideia de criar o buscador nasceu em um dormitório da Universidade de Stanford, a primeira sede do Google foi a garagem de uma amiga de Page e Brin, em Menlo Park. Susan Wojcicki, atualmente CEO do YouTube, emprestou a estrutura para a dupla até fevereiro de 1999. Na época, com oito funcionários, o escritório foi para uma avenida em Palo Alto e em agosto para Mountain View, também na Califórnia, quando já tinha quase 40 funcionários.
A última mudança foi em 2003, para o Googleplex, escolha justificada com uma brincadeira com os termos “gugol” e “complex”, em referência ao complexo de edifícios.
Como o Google lucra?
Com propagandas! Parece óbvio, mas nem sempre foi assim. Em 2000 a empresa começou a vender espaço publicitário para anunciantes que quisessem comprar certas palavras-chave. Mas, os fundadores não estavam satisfeitos. O historiador Randall Stross conta no livro “Planet Google” que a dupla era hostil a permitir propaganda em site de buscas. Para Brin e Page, isso tornava as pesquisas online “inerentemente parciais em direção aos anunciantes e distantes das necessidades dos consumidores”.
Eles foram convencidos e aceitaram com algumas condições: que tivessem apenas texto, nada de banners coloridos e, o mais importante, precisavam ter algo a ver com o que o usuário estava buscando no site. O Google Adwords nasceu com 350 clientes, mas, até o final daquele ano, cerca de 85% das buscas no Google davam resultados sem propaganda alguma.
O sucesso não foi instantâneo, mas se tornou a principal fonte de renda da empresa e levantou alguns bilhões de dólares. Os valores permitem que alguns serviços continuem sendo gratuitos.
Abertura de capital
O Google chegou à bolsa de valores com a abertura de capital, a oferta pública inicial (IPO), em 2004 e, diferente de muitas empresas, ele já era muito lucrativo quando fez este movimento. No ano anterior, a receita registrada havia sido de US$ 960 milhões, um lucro de US$ 107 milhões no mesmo período.
No dia em que o IPO começou as ações atingiram o preço de US$ 85. Mas, isso não durou muito tempo, a cotação das ações superou, ainda no primeiro dia, os US$ 100. No total foram arrecadados US$ 1,67 bilhão e a empresa tinha US$ 28 bilhões de valor de mercado.
Em 2013, depois de nove anos de entrada em Wall Street, o Google cresceu 922% e a empresa estava cotada em US$ 290 bilhões, com cada ação sendo negociada por US$ 869,24.
O pontapé da companhia no Brasil
A chegada do Google no Brasil foi no ano 2000, mas foi no dia 20 de julho de 2005 que a empresa fechou a aquisição de uma startup mineira, a Akwan. A pequena empresa era responsável pelo sistema de buscas TodoBr e foi criada por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, entre eles Berthier Ribeiro Neto, hoje diretor de engenharia do Google para a América Latina.
Logo após a aquisição, a empresa abriu um escritório em São Paulo, principal sede do Google no Brasil. Em Belo Horizonte são quase 200 profissionais, 174 engenheiros, incluindo profissionais do Peru, Argentina, Colômbia, Venezuela e Índia.
O time do Brasil é referência no desenvolvimento de algoritmos para a busca e responsável por projetos importantes, como o Family Link, um app que ajuda famílias a criar hábitos saudáveis no dia a dia cada vez mais digital. Além disto, encabeçam tecnologias de combate a ataques de phishing e spam.
O Brasil é um dos principais países em número de desenvolvedores registrados na loja de aplicativos do Google. O número de apps criados por aqui com mais de 1 milhão de usuários cresceu quase 50% de maio de 2019 para maio de 2020.
A Alphabet
A Alphabet Inc. nasceu em 2015. Ela é uma holding para administrar todos os serviços relacionados ao Google, em áreas que envolvem tecnologia, ciências, saúde, investimentos e pesquisas. No guarda-chuva da Alphabet estão, entre outras, Google, Android, YouTube, Calico, Waymo, Google X e Deep Mind.
Larry Page e Sergey Brin criaram a empresa-mãe para melhorar o gerenciamento das empresas mantendo a independência dos negócios. O objetivo é que as divisões tenham autonomia para o desenvolvimento dos produtos, diferenciando os resultados de cada unidade. A Alphabet, no entanto, não é responsável pela criação de produtos ou serviços, servindo apenas para dirigir as companhias que compõem o conglomerado.
Momento atual
Hoje, a companhia já se consolidou nos principais nichos em que atua: buscas, YouTube e Ads. Qualquer empresário que queira distribuir conteúdo ou divulgar a empresa, pessoa que quer usar ferramentas de pesquisas ou ver vídeos na internet, utiliza serviços do Google. A empresa tem 86% do mercado global de ferramentas de pesquisa e ¾ do mercado de compartilhamento de vídeos. O desafio sempre foi como monetizar tais serviços, principalmente os de pesquisas e vídeos. A composição do faturamento atual da companhia é majoritariamente proveniente de anúncios digitais (93,5%). Os 6,5% das receitas são distribuídos entre Google Cloud (6,2%) e Other Bets, ou “outras apostas” (0,3%).
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Atualmente, o Google Cloud parece ser um grande catalisador do crescimento da companhia. Trata-se de um segmento que vem sendo uma das prioridades ao longo dos últimos anos, visto que a empresa busca ampliar a fatia no mercado que hoje é majoritariamente das rivais Amazon e Microsoft.
Apesar de presente em todos os cantos do planeta, a distribuição da receita fica concentrada em 47% nos Estados Unidos, 30% na Europa, Oriente Médio e África, 18% na Ásia e apenas 5% na América Latina, este sendo uma possível grande avenida de crescimento.
O crescimento da companhia aconteceu de forma acelerada até meados de 2020, quando, principalmente em mercados emergentes, o aumento de receitas desacelerou, dada a desvalorização das moedas locais. Podemos ver o Google como um ativo de valor e qualidade, com o crescimento muito atrelado a novas tecnologias a serem desenvolvidas, como o Carro Autônomo, pois os serviços presentes nas operações hoje são extremamente consolidados e utilizados pela vasta maioria da população mundial. Assim, a empresa se torna uma alocação confiável e de uma solidez invejável.
Como investir?
Investir no conglomerado Alphabet, controlador do Google, é muito fácil. Você pode fazê-lo de diversas formas: tendo uma conta em corretora americana, basta comprar as ações de ticker GOGL, listada na Nasdaq.
Já pelo Brasil, a forma mais fácil é via BDRs, recibos de empresas listadas em bolsas estrangeiras, por meio do ticker GOGL34, listado na B3, ativo que replica a variação das ações da empresa junto com a cotação do dólar. Uma alternativa é uma novidade em lançamento pela XP: a conta global. Na mesma conta na corretora XP, o novo lançamento vai permitir investimentos nas bolsas americanas, em dólar, com produtos como Stocks, ETFs e REITs.
Quais os riscos de investir na Google?
Além do sempre presente risco de valuation para empresas de tecnologia e crescimento (mesmo após as recentes quedas, os múltiplos ainda são elevados), existem outros fatores que podem trazer instabilidade para a companhia:
– Uma desaceleração na adoção das ferramentas do Google como fonte de anúncios digitais devido à crescente concorrência proveniente de outros veículos, como redes sociais.
– Uma eventual perda da fatia de mercado de dispositivos móveis com o sistema operacional Android, podendo levar a uma queda significativa de receitas do Google Play e outros produtos oferecidos pelo sistema.
– Uma apreciação do dólar americano contra moedas globais, tornando os serviços da Google menos atrativos para empresas globais.
Tese de investimento
A marca Google já é suficientemente conhecida e utilizada para justificar uma atenção especial na hora de distribuir os valores de alocação. O que muitas vezes passa despercebido, no entanto, é a magnitude da presença das operações da companhia na vida das pessoas, por meio de suas plataformas, anúncios, serviços e entradas em novas tecnologias. Na linha de anúncios, as avenidas digitais estão presentes no Android, Chrome, Google Maps, Google Play e Youtube.
A crescente adesão do segmento de compras no website do Google resulta em um tráfego maior e torna mais atraente a plataforma para comerciantes. O Google Cloud – Serviços de nuvem envolvendo serviços de colaboração corporativa (Google Workspace) e infraestrutura (Google Cloud Platform) – possibilita um controle e participação no armazenamento de dados dos usuários.
E, por último, o maior catalisador pode ser as constantes inovações no seu veículo de buscas. A mais recente é a possibilidade de os usuários navegarem entre os resultados de suas buscas apenas pelo arraste da tela, permitindo uma navegação mais fácil. Consequentemente, com a maior conveniência, clientes do Google tendem a visualizar um volume maior de anúncios.