Diversificar os investimentos é um dos pilares das boas práticas das finanças modernas. Mas esse princípio não é nenhuma novidade. Desde a década de 50, a diversificação adquire mais importância tanto nas análises econômicas quanto na estratégia dos investidores.
Imagine um hipódromo lotado. A corrida já vai começar. Cada cavalo demonstra ter um grande potencial, mas você apostou todo o seu dinheiro em um só. A competição acaba de ficar mais tensa, não é?
É como aquela velha história de colocar todos os ovos em apenas um cesto. O risco de perder sua carga valiosa aumenta bastante. Diversificar os investimentos é a melhor maneira de evitar essa preocupação. Os principais objetivos da diversificação são justamente diluir os riscos enquanto se procura maximizar os ganhos nas aplicações.
Um conceito fundamental para a economia moderna
A relevância histórica da diversificação se deve a um jovem economista norte-americano. Com apenas 25 anos, Harry Markowitz partiu do pressuposto de que os mercados são imprevisíveis para classificar o risco como uma variável aleatória. Essa foi a base para a criação do conceito de diversificação das aplicações financeiras.
Futuro vencedor do Prêmio Nobel de Economia, Markowitz considerou a forma como o risco e o retorno se desenvolvem na medida em que novos ativos são adicionados a uma carteira de investimentos. A partir desta avaliação, o criador da teoria moderna do portfólio construiu outra hipótese importante: em longos períodos, a rentabilidade dos investidores não será maior do que a média do mercado.
Isso significa que a diversificação de investimentos leva a menor rentabilidade? De maneira alguma. Diversificar permite reduzir a oscilação de forma que o desempenho negativo de uma aplicação pode ser compensado pela performance positiva de outras. O investidor pode não obter rendimento máximo a partir de uma ação, mas também não terá perdas tão significativas com ela. Dessa forma, é possível garantir rentabilidade contínua apesar das perdas.
A evolução da ideia de diversificar os investimentos
Depois de Markowitz, foi a vez de outros dois economistas expandirem o conhecimento sobre a diversificação. No início da década de 60, o trabalho de Franco Modigliani e Merton Miller ficou conhecido como Teoria da Irrelevância dos Dividendos. Eles foram os primeiros a sugerir que dividendos e ganhos de capital são equivalentes ao se considerar o retorno de um investimento.
Já em 1962, um estudo sobre a teoria do equilíbrio do mercado diante do risco gerou o modelo de precificação conhecido como CAPM – Capital Asset Pricing Model. O responsável por essa pesquisa foi o economista William Sharpe, o qual também afirmou que um investidor precisa correr mais riscos se quiser obter retornos maiores.
Assim como na corrida de cavalos, a escolha de onde alocar os investimentos depende de informação. Ao analisar os dados disponíveis, é possível tomar decisões mais estratégicas. Essa ideia foi apresentada pelo economista Eugene Fama, cujo estudo sobre a eficiência dos mercados de capital formou a base do que hoje se considera as finanças modernas.
Segundo Fama, em um mercado eficiente, os preços dos ativos sempre refletem totalmente as informações disponíveis. Dessa forma, ao selecionar uma empresa para aplicar seus recursos, o investidor pode ter perspectivas futuras a partir do lucro atual da organização, pois ele informa sobre a sua política de investimentos.
Seguindo a lógica do mercado
Por trás de tanta teoria, há uma lógica relativamente simples sobre a eficiência e o risco do mercado financeiro: o resultado da soma de todas as pessoas dispostas a comprar e a vender um ativo.
Quando há boas perspectivas para uma determinada empresa, quem tem essas ações vai naturalmente pedir um preço maior a quem deseja comprá-las. Os donos das ações só estarão dispostos a vendê-las quando considerarem que os preços estão de acordo com a perspectiva positiva sobre a empresa. Por outro lado, os investidores só estarão dispostos a comprá-las se considerarem que o preço ainda não reflete o potencial futuro do ativo.
Milhões de investidores entram todos os dias nesse jogo baseado em análise de informações, sejam eles profissionais ou não. A negociação, portanto, depende tanto da disposição de alguém vender quanto da disposição de alguém comprar uma ação ou um título. Mas, na prática, será que é tão simples identificar uma boa oportunidade? Como passar as teorias sobre a diversificação para a realidade dos investidores?
Diversificação na prática
A ideia de mitigar riscos através da diversificação dos investimentos saiu dos artigos acadêmicos para os negócios do dia a dia graças a mais um economista norte-americano. Em 1974, John Clifton Bogle fundou o Vanguard Group, considerado o primeiro fundo de índice.
Esse tipo de fundo tem o objetivo de acompanhar o desempenho de um índice no longo prazo. A convicção de Bogle era de que os investimentos deveriam ser constantes, com reinvestimento de dividendos, paciência para esperar resultados a longo prazo e um forte controle sobre os custos de transação e administração dos investimentos.
Para os que acreditam na imprevisibilidade dos mercados e contam com uma carteira diversificada para diluir os riscos nas aplicações financeiras, a receita de Bogle se mantém efetiva. Os fundos de investimento, popularizados a partir da experiência do Vanguard Group, continuam a ser uma ótima opção para quem deseja diversificar os seus investimentos. Nesses fundos, a carteira é composta por diversos produtos, incluindo ações, títulos do governo e crédito privado, entre outros.
Especialmente para investidores não-profissionais, essa é a melhor estratégia para garantir rentabilidade e mitigar perdas. Além disso, investir a longo prazo, manter compras regulares e uma carteira diversificada de ativos são práticas que ajudam a reforçar um dos pontos básicos das finanças modernas: o comportamento racional.
Mesmo em momentos de grande esperança ou de forte pessimismo, ter um portfólio composto tanto por ativos de renda fixa quanto de renda variável é um incentivo para manter a racionalidade e tomar decisões informadas sobre o futuro dos investimentos.
Quem deve diversificar os investimentos?
De forma prática, independentemente de perfil ou do montante investido, não há razões para um investidor não diversificar os investimentos. A diversificação não apenas reduz os riscos, mas também tende a gerar mais rentabilidade ao investidor, seja a curto, médio ou a longo prazo. Nessa última circunstância, diversificar significa reduzir a exposição às oscilações do mercado. Já no curto e no médio prazo, a diversificação ajuda a acumular rentabilidades de diferentes produtos, o que colabora para melhorar a performance do investidor.
Também é importante observar as diferentes funções dos ativos de renda fixa e renda variável que compõem o portfólio de aplicações. A renda fixa oferece um investimento com menores oscilações, ou seja, menores riscos de perda. Assim, o investidor pode ousar um pouco mais em determinadas ativos de renda variável, pois já tem ao menos uma rentabilidade previsível. E, ainda que ocorra alguma perda, a tendência dos investimentos bem escolhidos a longo prazo é a recuperação da rentabilidade.
A estratégia do perdedor vai de encontro ao que o investidor comum faz. A maioria dos investidores procura os ativos que mais renderam no período passado para investir. Na estratégia do perdedor, se faz o inverso: busca-se o ativo que rendeu menos.
E a estratégia do perdedor?
Já ouviu falar dessa ideia inusitada, porém potencialmente rentável? O professor de finanças Jurandir Sell propõe uma simulação para provar que a lógica comum dos investidores nem sempre leva a maiores rendimentos.
Em geral, os investidores procuram os ativos que mais renderam em um período passado. Na estratégia do perdedor, ocorre o contrário: busca-se investir no ativo que rendeu menos. Surpreendente?
Veja como funciona essa estratégia:
Imagine uma pessoa que começou a investir R$ 1.000 por mês em 1994, logo após a implantação do Plano Real. Nos primeiros seis meses, foram investidos R$ 500 em um fundo de renda fixa e outros R$ 500 em um fundo passivo que segue o Ibovespa. No sétimo mês, já no início de 1995, esse investidor hipotético observou os dois investimentos e destinou R$ 1.000 ao fundo menos rentável.
Esse investimento foi feito no fundo de ações, pois o fundo de renda fixa rendeu mais naquele período. Em seguida, o investidor comparou as duas carteiras. Se uma das aplicações superasse 60% do total, o que não aconteceu, ele faria um rebalanceamento, deixando 50% em cada uma. Ele fez a mesma coisa em todos os meses seguintes, aplicando no fundo que tinha o menor valor acumulado. Esse investidor precisou fazer o balanceamento entre as carteiras em onze ocasiões.
Segundo os dados disponíveis sobre o histórico do mercado, desde o início do Plano Real até o final de outubro de 2020, a pessoa que tivesse aplicado apenas em renda fixa teria R$ 2.506.510,92. Se tivesse aplicado apenas em renda variável, seguindo o Ibovespa, teria R$ 1.737.197,56. Porém, aqui está a maior surpresa da estratégia do perdedor. Ao combinar os dois investimentos, o retorno final seria de R$ 2.775.913,23.
O experimento da estratégica do perdedor é mais uma prova de que somente a diversificação é capaz de aumentar os retornos enquanto se reduzem os riscos dos investimentos. Fica a grande dica: não aposte em um só cavalo! Essa é a corrida da sua vida financeira! Planeje com cuidado e maximize seus rendimentos multiplicando as opções no seu portfólio. Conte com a Faz Capital para começar a diversificar agora mesmo! Converse com um de nossos assessores financeiros para obter mais informações.