O mercado financeiro está cheio de expressões que deixam as pessoas curiosas com o seu significado. Uma delas é o Sell in may and go away. 🏃🏾
Para quem traduz no seu sentido literal, algumas dúvidas aparecem: maio é o mês perfeito para sair da bolsa? Qual o motivo de existir essa frase?
Acompanhe este artigo para entender a expressão queridinha dos faria limers 👇🏼
Maio é o mês da queda?
O mês de maio é visto como uma maldição para os investidores no mercado acionário. Um artigo de 2020 da revista Barron ‘s resolveu analisar o principal índice americano, o S&P 500, desde a sua criação, acompanhando o desempenho médio para os períodos entre novembro e abril, e depois entre maio e outubro. O primeiro período mostrou uma valorização média de 5%, e o segundo uma média de 2%.
➡️ A análise foi feita porque o movimento, observado por muitos anos no mercado, de queda na época de verão nos EUA e Europa era nítido.
➡️ Ainda, a diferença de fluxo não é exclusiva desses mercados.
Nos últimos 30 anos, o Ibovespa subiu no mês de maio em 13 vezes. E se analisarmos o período de 2009 a 2018, a B3 teve nove anos consecutivos no vermelho no mês. Além disso, por 5 vezes dentro desse período, maio foi o pior mês do ano para a bolsa de valores.
Esse fenômeno ganhou uma expressão própria do mercado — Sell in may and go away — e não é de hoje!
Sell in may and go away
“Sell in may and go away” (venda em maio é vá embora) era um ditado muito usado por aristocratas, banqueiros e mercadores da Inglaterra, que saíam nos verões quentes e voltavam apenas quando o calor intenso passava.
Hoje em dia, investidores dos Estados Unidos usam a frase para sair de férias. Isso se explica pelo costume do investidor sair da bolsa antes do verão e só retornar no outono. O índice Dow Jones, por exemplo, se comportou com essas características no mês de maio de 1950 até 2013. Depois disso, o padrão enfraqueceu um pouco.
Mas afinal, por que isso influenciaria nosso mercado?
Vale lembrar que os “gringos” representam cerca de 50% do nosso volume total negociado em bolsa.
Por essa razão, seu fluxo acaba interferindo diretamente no nosso índice. Obviamente, quando o padrão começou a enfraquecer nos principais mercados acionários, também começamos a ver diferença nos fechamentos do Ibovespa nos meses de maio.
O melhor é vender bolsa em maio?
No geral, é muito difícil prever o ponto ideal para vender ou comprar um papel. Diversas análises são voltadas para desvendar exatamente isso, mas acertar a precisão dessas para diferentes ações é praticamente impossível. Ainda, é preciso entender se a sua estratégia está voltada para o curto ou longo prazo.
Na tentativa de acertar o melhor momento, muitos investidores acabam perdendo boas oportunidades tanto para comprar quanto para vender suas ações. É comum deixarem “passar o ponto”, por medo do loss ser maior do que conseguem arcar. Problemas de gerenciamento de risco são os maiores, mas não vamos entrar em detalhes aqui.
E respondendo à pergunta desse título: depende.
O período conhecido como sell in may and go away não deve ser levado tão ao pé da letra — pelo menos nos dias atuais. Inclusive, é sempre bom lembrar que os analistas normalmente recomendam elaborar uma estratégia de compras e vendas graduais. Assim, adquirindo ações aos poucos, o investidor é capaz de diluir seu preço médio. O mesmo vale para a venda.
De qualquer forma, um bom planejador financeiro é o ideal para a montagem de um portfólio que não te dê surpresas negativas ao longo do tempo. A Faz Capital é um dos poucos escritórios da XP Investimentos que têm uma área exclusiva de planejamento financeiro para você. Saiba mais aqui.
O “Sell in may and go away” vale para o Bitcoin?
Se o passado do bitcoin servir como base, o histórico joga a favor da expressão. Um relatório da empresa K33 Research mostrou que, nos últimos cinco anos, quem comprou a moeda digital em outubro e vendeu em abril teve retornos acumulados de 1.449%. Por outro lado, o investidor que adquiriu o ativo digital em maio e se desfez dele em setembro acumulou perdas de 29%.
Abaixo, tem um gráfico compilado pela Crypto Koryo, que analisou o desempenho das criptos em função de diferentes setores desde 2017. A conclusão é que maio é o segundo pior mês do ano, atrás apenas de setembro. Junho e agosto também costumam ser períodos não muito bons para o ativo.
Embora o mercado seja imprevisível e desempenhos do passado não necessariamente se repetem de forma idêntica no futuro, o bitcoin possui hoje uma grande correlação com o mercado tradicional. Por isso, é factível pensar que daqui para frente o mercado de cripto cada vez mais terá um comportamento semelhante ao mercado acionário, que historicamente performa pior no mês de maio, ainda que o padrão tenha enfraquecido.