O que é e como funciona o venture capital? Também chamado de capital de risco, ele é uma forma de financiamento onde o dinheiro é investido em uma pequena empresa ou startup em troca de uma participação acionária, mesmo que seja minoritária.
O objetivo deste tipo de investimento, portanto, é ajudar empresas de pequeno e médio porte a crescerem, influenciando diretamente no andamento e na gestão do negócio, e não apenas injetar capital. No fim das contas, este movimento agrega valor para uma futura venda de participação acionária da empresa investida.
O que é venture capital?
Venture capital é uma modalidade de investimento em que o fundo aplica dinheiro em empresas jovens que tenham uma expectativa de crescimento rápido e rentabilidade alta. Por ser uma modalidade de investimento em empresas iniciais, portanto, o venture capital apresenta risco elevado.
No Brasil, os fundos de venture capital são regulados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e são constituídos como Fundos de Investimento em Participações (FIP), ou Fundos Mútuos de Investimento em Empresas Emergentes (FMIEE).
O Brasil tem o maior mercado de venture capital da América Latina. No primeiro semestre de 2022, os fundos investiram US$ 2,9 bilhões em startups brasileiras, através de 326 rodadas de negociação. Em comparação com o mesmo período de 2021, houve uma diminuição de 47% no total de investimentos.
Como funciona o venture capital?
O investidor que opta pelo venture capital constrói uma relação bem próxima com os empreendedores, inclusive indicando executivos para cargos estratégicos na empresa investida. Assim, este tipo de investimento pode significar para a startup suporte em gestão, parceria de longo prazo e evolução rápida.
Este é um ponto importante que as empresas precisam avaliar antes de buscar o financiamento de capital de risco: os empreendedores precisam estar dispostos a receber e lidar com outros sócios externos, que serão apontados pelo fundo.
O objetivo principal é que o negócio cresça rápido e tenha uma rentabilidade alta. Afinal, quando isso acontece, a empresa passa a valer mais e o fundo pode se retirar do negócio, permitindo que os cotistas resgatem a participação com lucro. Esse movimento se chama evento de liquidez ou exit.
As Rodadas de Investimento
As empresas que querem captar investimentos através do venture capital precisam participar de rodadas de investimento. Nestas dinâmicas, os investidores oferecem dinheiro em troca de uma participação acionária, chamada de equity share, no negócio.
As rodadas são divididas em séries e classificadas de acordo com o estágio de maturidade da startup. Os nomes seguem a ordem alfabética: a primeira rodada é a de série A, a segunda é a de série B,…
Mas, antes disso, pode haver outros dois tipos de investimentos: anjo ou semente.
Investimento anjo
O investimento anjo é a primeira rodada de investimentos de uma startup. Nessa fase, o time se organiza, testa a principal tese e desenvolve o Produto Mínimo Viável (MVP, do inglês Minimum Viable Product). Para startups, é muito importante porque elas não têm tempo a perder. Assim, o MVP é uma versão simplificada do produto, com as principais funcionalidades.
O investidor anjo geralmente é uma pessoa física, que pode ser familiar ou amigo. Nesta fase, no Brasil, o volume de investimento costuma ser de até R$ 700 mil.
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Investimento semente
O investimento semente, também conhecido como seed nas startups, tem o objetivo de fornecer o apoio necessário para o trabalho inicial de pesquisa, desenvolvimento e validade de mercado da empresa.
O montante também vem para contratar uma equipe mais profissional. Normalmente, nesta fase, os empreendedores não tem funcionários ou estão trabalhando com poucos colaboradores na empresa.
Quem aplica? Investidores anjo ou fundos de venture capital. O aporte inicial varia de R$ 700 mil e R$ 2 milhões.
As vantagens de receber este tipo de investimentos
O venture capital, além de ser um poderoso auxílio financeiro, tem outras inúmeras vantagens para as startups que recebem o investimento.
Suporte na gestão: os investidores já têm um amplo conhecimento no setor de empreendimentos e podem desempenhar cargos de coordenação e gestão na empresa.
Parceria no longo prazo: o venture capital representa um investimento de longo prazo realizado por pessoas com experiência e que sabem que o sucesso não vem de uma hora para a outra.
Conselho fiscal e administrativo: naturalmente, os investidores podem exigir a criação de um conselho para apoiar a empresa nas decisões fiscais e administrativas, além de facilitar processos burocráticos.
Evolução rápida: o apoio que vem por meio dos investidores do venture capital traz junto a possibilidade de que a empresa tenha mais chances de se inserir de forma mais rápida e sólida no mercado.
O mercado de venture capital no Brasil
No primeiro semestre de 2022, os fundos investiram US$ 2,92 bilhões em 327 acordos de venture capital no Brasil. Para os investidores, o mercado brasileiro é um dos mais sofisticados do mundo. Por outro lado, o volume foi 44% menor que o mesmo período de 2021. Mesmo assim, o número representa um aumento de 138% em volume de investimentos e 24% em números de acordos na comparação com 2020, ano marcado pela pandemia.
O ano de 2021 foi marcado pela quebra de recordes a nível global e as startups brasileiras captaram no primeiro semestre US$ 5,26 bilhões em investimentos de 416 acordos. A marca do ano foi a cautela, com o aumento das taxas básicas de juros para tentar conter a inflação.